quarta-feira, 20 de abril de 2011

Here, there, everywhere - Paul McCartney no Brasil

Tem três coisas que eu queria ter visto ao vivo: Pelé e Garrincha em campo, a Máquina do Fluminense nos anos 70 e um show dos Beatles.

O Canal 100 ajuda com os dois primeiros. E Paul McCartney dando sopa por aí dá conta do recado do último. E como.

Era pequenina, mas fui com papai ao Maracanã no primeiro Paul in Rio em 1991. Ano passado, já dona da minha própria conta bancária, fui a Porto Alegre ver o primeiro show da Up and Coming Tour e depois cometi a loucura de fazer um bate-volta em Sampa para um bis no Morumbi. Não me arrependo. Tanto que já estou com meus ingressos na mão para o show do Engenhão. Estou com Paul "Here, there and everywhere". E dessa vez quem vai levar o papai sou eu. Realmente, só mesmo Paul e Conca me levam àquele fim de mundo do Estádio Olímpico João Havelange. Mas isso é outra história.

No show em Sampa - cantando Something.
Porto Alegre valeu a viagem. E não só por conta do êxtase do show (cá entre nós, melhor do que o de SP). Aproveitei tudo o que eu mais gosto na capital gaúcha: os amigos do Grêmio Náutico União, a remada no Guaíba e boas comidinhas.

Logo na sexta reservei o famoso Koh Pee Pee, tido como melhor restaurante tailandês do Brasil. Só o cheiro da comida thai já me emociona. Abri os trabalhos com um drink de lichia, Absolut baunilha, licor de lichia e suco de limão. Hummm... E depois, amigo, mergulhe no cardápio: colorido, com aromas incríveis, saboroso como só os tailandeses sabem fazer sua culinária. Como estava com mais dois amigos (o querido casal Marcelus 'Kbça' Marcili e Joana), pedimos um Pad Thai com camarão e um camarão com molho de tamarindo que vou te contar... Maravilhoso do começo ao fim (e o fim teve amêndoa da flor de lótus com lichia e leite de coco).

Depois dessa experiência completa para todos os sentidos, ainda tive coragem de pedir pro Kbça me buscar 6:00 no hotel no dia seguinte para ir remar no Guaíba. Ah, como eu adoro estar na Ilha do Pavão, a sede do Grêmio Náutico União! O GNU é um dos mais tradicionais clubes de remo do país e sua sede numa ilha no meio do rio Guaíba é uma ode ao remo. Remei o "meu" barquinho (um skiff argentino que sempre uso quando estou em Porto Alegre, graças à gentileza dos amigos do União) e ainda fui premiada com o dia do café campeiro. Uma vez por mês, todos os remadores se reúnem para um café da manhã coletivo.  Só fui entender o que era quando vi o ritual: o café é feito no fogo de chão, com o pó direto na água, sem filtro, e o pau em brase garante que a borra fica no fundo. O cheiro é diferente de tudo o que vc conhece.



Com uma gentileza que só os gaúchos são capazes, ainda fui convidada a tocar o sino abrindo oficialmente o café daquele sábado. Uma homenagem e tanto.


Paul McCartney não tinha sequer tocado os primeiros acordes de Venus and Mars, a música que abre os show da Up and Coming Tour. O final de semana estava só começando.

Almocei num pé sujo incrível, numa ruela do Centro da cidade, em companhia de outro casal querido: sr e sra Tozzo! Esse eu fico devendo a dica do nome. Bom (muito bom), bonito (nem tanto) e muuuuito barato. Que carne...

E ainda tinha que pegar o Pedro no aeroporto! Fomos direto para a Churrascaria PortoAlegrense, tida como um das melhores carnes da cidade. Se vc pensa em algo tipo Porcão e Fogo de Chão, esquece. É uma casa velha, numa rua mal iluminada, com esquadrias de alumínio, mesas e cadeiras simples, garçons antigos... e isso aqui na sua mesa:


Carne pra gaúcho é coisa séria. Nada de buffet de sushi, arroz e batata em profusão, pão de queijo e tudo o que não importa. O cardápio tem duas páginas de cortes de primeira e três opções de guarnição. Se vira. Emendamos com uma baladinha de leve na Cidade Antiga com Tozzo, Allan e senhoras. Porto Alegre é demais. Ainda mais com amigos tão queridos por perto.

Domingo, enfim, seria o show do Paul. Mas só de noite. Pq até lá, Pedro e eu tínhamos muito o que fazer: rafting em Três Coroas e almoço em Gramado. Tá pensando o que?!

Caímos na besteira de acreditar no GPS e pegamos o caminho com mais sinal e quebra molas até as Serras Gaúchas. Never mind. Chegamos a tempo de embarcar para um rafting de 8km no rio Paranhana. Quer maneira melhor de começar um domingo de sol?


Deu fome, claro. E partimos para Gramado, que estava naquele dia inaugurando seu Natal Luz. Cidade cheia, cheiro de chocolate, papai noel sob sol quente e... uma experiência típica na Casa di Paolo, galeteria das melhores (tem estrela do Guia em Bento Gonçalves, se não me engano. Aliás, Koh Pee Pee e PortoAlegrense tb são estreladas pelo Guia 4 Rodas). É mais ou menos um "all you can eat" italiano: com um galetinho que vc nunca comeu igual, massas caseiras (não perca o molho de funghi!), saladas, pães caseiros, polenta, sobremesa de derreter na boca. E com um Tannat Don Laurindo vou te falar que fica melhor ainda...


Sim, depois disso ainda tivemos energia para tomar umas cervejas na casa do Kbça e da Joana e partir para o Beira Rio cantar muito com o Paul.

Live and Let Die!


Comer: Koh Pee Pee, sem dúvida um dos tailandeses mais especiais do Brasil. Churrascaria Porto Alegrense, carne como tem que ser. Sem frescura. Casa Di Paolo, influência italiana com toque gaúcho.

Beber: Mesmo eu que não tomo café não resisti ao Café Campeiro do Grêmio Náutico União. Mas aproveite que está no Sul para provar vinhos fantásticos de produção nacional que não cruzam a frobteira do Rio Grande. Bons mesmo.

Remar: Nada se compara à raia do Guaiba, na beira da Ilha do Pavão, a casa dos maiores remadores do Brasil. O pôr do sol ali perto do Estádio de Remo tb é inesquecível. Para quem quer mais adrenalina, a meca do rafting no sul do país é em Três Coroas - varias empresas operam. A Brasil Raft Park é super profissional e organizada. Recomendo.

PS: Ia falar do Barranco e do Bah!, dois restaurantes gaúchos que conheci ainda no ano passado, na minha segunda ida à Porto Alegre. Mas fica para um próximo post.



quarta-feira, 13 de abril de 2011

A Maratona de Atenas e o estrelado Spondi

Ando tão fraquinha esses dias (abatida por uma bactéria que gostou do meu pulmão durante a viagem a Guadalajara, no fim de março) que noutro dia fiquei com lágrima nos olhos só de ver umas fotos da Maratona de Atenas 2010 e lembrar a última vez que me senti realmente forte recentemente.

No dia seguinte dos meus primeiros 42,195m, no Rio de Janeiro, em julho, me inscrevi para a Maratona de Atenas, marcada para 31 de outubro. Não só isso: peguei minhas milhas da Air France e emiti de cara a passagem. Simples assim. A Maratona de Atenas, ano passado, comemorou 2500 anos da lenda da Maratona - a história do mensageiro que correu da cidade de Maratonas até Atenas para anunciar a vitória na batalha com os persas. Imperdível.


Escrevi e reescrevi muito sobre toda essa experiência incrível. Não apenas o tempo em si (4:08, bem decente para quem não chegou a treinar um mês e levando em conta os imponentes 20km de subida do percurso, entre o km 12 e o 32...), mas tudo o que levou aquela gente para aquele local tão místico, para correr no berço da prova mais imponente do atletismo e chegar dentro do estádio de mármore Panathinaikos. O Globo publicou no sábado um texto meu, que está aqui. Depois da prova, o bogue Pulso, do Globo, trouxe um pouco do que eu vivi nesse link. E, por fim, o portal Webrun tb quis ouvir o que eu tinha a dizer (aqui) sobre essa corrida tão especial. Enfim, não vou me arriscar a tentar recontar a história que estão tão bem narradas nesses três textos (curtam!).

O que não contei jamais foi o que fiz ANTES da Maratona. Reservei uma "table for one" para o Spondi, o único restaurante estrelado pelo Guia Michelin na Grécia. Não sou atleta, tenho direito às minhas tacinhas de vinho e delícias gastronômicas mesmo antes de uma Maratona. Certo?

O Spondi fica num casarão antigo em um bairro tradicional de Atenas. Elegantíssimo. Não tive dúvidas de pedir o Discovery Menu, harmonizado com vinhos gregos (podia escolher entre gregos e franceses, mas optei por descobrir o terroir local. E não me arrependi). O atendimento não preciso nem dizer que me deixou à vontade, por mais difícil que seja ter uma moça sozinha no salão.

Foi um desfile de sete pratos: caranguejo com "geleia" de ervas, mousse de couveflor... O vinho: Tetramythos Malagouzia 2009.

Depois veio um tartar sensacional de "seabass" com uma "bola de neve" de caviar e sorvete de ostras que só de escrever já fico com água na boca. O vinho também foi um dos meus favoritos da noite: Chatzidakis de Santorini 2009 (Ah, Santorini...).

Em seguida o primeiro prato de peixe, depois o primeiro de carne. Muito bons, mas menos marcantes. Os queijos foram um capítulo à parte de tão lindos. E duas sobremesas super delicadas (um creme de capim limão com frutas vermelhas... e uma coisa maravilhosa de chocolate...).

Sério, não podia correr mal a Maratona depois disso, né?

Mas nem só de guia Michelin se faz uma deliciosa viagem gastronômica pela Grécia!

Antes da prova, em companhia de dois amigos recém-feitos (Harry e Fernando), almoçamos em Plaka, onde conheci o garçom-maratonista Theodor. Uma mousaka para ninguém botar defeito, com saladinha grega e... aquela Mythos. Deixando claro que cerveja tem tudo o que o corredor precisa: água, carboidratos e analgésico (alcool). Ou seja, consciência totalmente limpa!

Essa Mythos foi depois, mas teve a de antes tb...
Saladinha grega na véspera da prova!
Depois da prova fizemos questão de voltar à mesa do Theodor, já com um grupo maior. Saldinha grega e Pastitso (um macarrãozinho grego notal mil!).


Theodor, o garçon maratonista!
No mais, desculpem a ausência. Pneumonia é uma droga. Cof cof cof cof

Comer: Spondi (Atenas) e Plaka (qualquer barzinho da praça... honestos).

Beber: Na Grécia como os gregos, só produtos locais: vinhos gregos e uma Mythos beeem gelada.

Correr: Maratona de Atenas, saindo da cidade de Maratona e chegando no estádio Panathinaikos 42,195m depois. Inigualável. Molezinha, olha só.