quarta-feira, 27 de março de 2013

Redgrave e a inspiração



Quem dera eu pudesse ter trocado algumas poucas palavras com Steve Redgrave 16 anos atrás. Com a idade dos meninos das categorias de base do Botafogo que, mais do que isso, puderam remar a seu lado e sentir a energia inspiradora de um pentacampeão olímpico.

"Há quanto tempo você rema?", perguntou Redgrave enquanto assinava para mim sua biografia A Golden Age num sábado de março em que foi participar de uma ação como membro da Academia Laureus na sede náutica do Botafogo.

Uma frase tão simples que me fez pensar lá atrás, naquele primeiro Oito que remei (e venci!) na Regata da Escola Naval em outubro de 1997. Não sabia se respondia "Remo há 16 anos" ou "Não remo mais" ou, pior, "Remar, mesmo, nunca remei". Balbuceei qualquer coisa num inglês tosco, já que a emoção também me impedia de acionar a tecla SAP do cérebro.

Naquele 9 de março Redgrave desceu as escadas de pedra da sede de remo do Botafogo sob aplausos e gritos calorosos de remadores alvinegros de todas as idades, inclusive os meus (a mais linda recepção que Sir Redgrave jamais teve em um clube de remo, segundo o próprio. N.R: isso, pra mim, é ser eterno. O cara parou de remar em 2000 e foi ovacionado do outro lado do planeta por uma geração que sequer era nascida naquela época).

Os mesmos degraus que me levaram à Lagoa pela primeira vez em 1997. Com a primeira remada no tanque nasceu uma paixão incontrolável pelo remo. Ao mesmo tempo em que me contentava em ser uma atleta bissexta devido ao trabalho, aos amores, a tantas desculpas que nunca me deixarão saber como teria sido "se...". A frustração de não saber onde poderia chegado como atleta ainda me agonia. Faltou o que?

Faltou Redgrave.

Depois daquele sábado, voltei a treinar. Lembrando a cada remada o quão privilegiada eu era de estar num barco deslizando naquele deslumbrante cartão postal, com bem observou Redgrave ainda no papo rápido sob sol escaldante. Inspiração é tudo.

Tarde demais? Nunca é tarde.


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