quinta-feira, 17 de março de 2011

Floripa: o inferno e o paraíso






Nesse final de semana vou para Florianópolis participar pela segunda vez do MultisportBrasil, uma prova de corrida, canoagem e bike. A foto que ilustra o fundo de dela desse blogue foi tirada lá ano passado, na costeira a caminho da Lagoinha do Leste. Olhaí que visu!




Assim como em 2009, vou só fazer o trecho de corrida. Só é modo de dizer. A corridinha tem quase 30km em quatro etapas: 11km subindo e descendo uns morros tenebrosos entre a Praia da Armação e o Pântano do Sul, passando por Matadeiros e Lagoinha do Leste - para muitos a praia mais bonita de Floripa (e só se chega por trilha). Depois são 8,5km nas dunas da Praia da Joaquina até a Lagoa da Conceição, emendando com outros 7km em outro morrão até Ratones para fechar o sofrimento com 4km até Jurerê. Cruel, muito cruel. O fato de não ser seguido e sim quatro estágios eu acho até pior, pq depois que vc esfria retomar a batida é muito mais sacrificante.

Foi um tapa na cara ano passado. Um inferno. Larguei toda animadinha, acostumada com minhas performances honrosas nas corridas aqui e acolá. Mal deu 10min de prova e eu já estava em penúltimo lugar. Quase sentei pra chorar. Não consegui correr bem no plano (areia), não consegui ir bem na primeira subidona, não rendi na descida (odeio descer, gosto de subir)... quanto tinha coisa de 1h30 de prova vi no "retrovisor" o Alexandre Manzan, líder da categoria profissional, que tinha largado uma hora depois de mim e já me atropelava. "Já, Manza?", foi tudo o que eu consgui balbuciar.

Cheguei na transição quase chorando de tristeza e vergonha. Meu parceiro saiu pra pedalar e decidi que as coisas tinham que render melhor dali pra frente. Deu certo. Fiz o segundo ou terceiro melhor tempo entre as mulheres na corrida nas dunas (a minha praia, afinal), ultrapassei uma galera (incluindo uma "tchutchuquinha" de academia que estava me irritando por estar na minha frente) e quando cheguei na outra transição para o caiaque da Diana, a equipe nem me esperava. No outro morro tb fiz a segunda ou terceira melhor parcial feminina. Tudo na mais perfeita ordem.

Completei a prova feliz e certa de que esse ano seria diferente (depois eu conto...).



Floripa é assim, com altos e baixos. Montanhas e praias. Alegrias e tristezas. Engarrafamentos estilo Tietê com paisagem do Rio de Janeiro. Comidas boas e ruins. Inferno e paraíso.

Dessa vez a parte gastronômica não foi o ponto alto (com a ressalva do Restaurante da Deca, onde comemos no dia seguinte da prova um peixe formidável com vista divina, como vcs podem conferir aí).



De maneira geral acabou sendo mesmo comida de atleta antes, durante e depois. Arriscamos mal uns restaurantes na Lagoa da Conceição (acho que se chamava Barba Negra). Encaramos um hotdog no trailer perto da pousada em Rio Tavares. Comi muita batata cozida com gel de carboidrato durante a prova. Nada que emocione o paladar (bem, tudo é relativo... o gelzinho na hora do aperto tem seu valor!).


Mas não foi a única vez que fui a Floripa em 2010 e pude apagar a má impressão. O sofrimento foi parecido (pelo menos emocionalmente), mas as comidinhas... quanta diferença!

Fui correr o Sul-Americano de Remo Master dois meses depois do Multisport. Sei que vcs já estavam duvidando que eu remava pq eu só falei de corrida nos primeiros posts... É bem verdade que tento "parar de remar" desde 1997 mas até hoje não consegui. : )

Começou de zoeira com meu amigo Beto, com quem me inscrevi para correr o Double Skiff B (média de idade dos remadores entre 36 e 42 anos). Daí entrei no barco Four Skiff B do Corinthians... até que a coisa ficou séria quando meu amigo Anderson "Macarrão" Nocetti perguntou se eu não animava descer o Double Skiff A (média de 27 a 36 anos) com ele. Macarrão é só o cara que vai, em Londres 2012, completar sua quarta Olimpíada seguida como sculler do Brasil nos Jogos. Pressão? Imagina.

Diz o Pedro que "foi fácil, olha a diferença que vcs ganharam!". 



Mas só eu sei como sofri, como suei, como me concentrei. É o famoso se perder "foi ela, claro, essa cocoroca afundou o cara" e "se ganhar, o Macarrão é o cara mesmo, impossível perder com ele". Remamos meia hora antes da largada apenas. O Macarrão me dando mais dicas de técnica da remada do que eu jamais havia tido em 13 anos na Lagoa. Uma aula. Gentilmente adaptou sua remada à minha. Falou estratégia. "Fica tranquila, deixa os outros barcos acharem que vão ganhar no começo depois a gente atropela". Falou dos adversários: "Mas essa menina, hein... rema bem! Nossa, o Joãozinho veio? Ele é forte". E eu muda, tensa. Macarrão percebeu e mandou na lata rindo: "Sei como vc se sente. O Roni (um baixinho peso leve que fazia dupla com ele) também pensava assim. Se a gente perdesse a culpa era do baixinho". E foi dada a largada rumo ao paraíso.


Final feliz e lá fui eu curtir as outras delícias de Floripa com o Pedro. Um almoço delicioso no Mar Massas foi o lugar perfeito para carregar o corpo de carboidrato e a alma com a paisagem e o astral de lá (foto abaixo). Bruschetta, spaghetti com filé e funghi, uma tacinha de vinho argentino (só uma, pq teoricamente eu voltava pra raia com o Beto na sessão da tarde. Teoricamente, pois o vento cancelou a regata. Se eu tivesse ouvido o Macarrão dizer que o tempo ia mudar, teria tomado é a garrafa toda...). Depois soube que o Mar Massas é um dos lugares mais premiados de Santa Catarina. Sem dúvida um lugar que voltarei nesse final de semana - até pq é do lado do hotel. Outra boa é a pizzaria Nave Mãe, de pizza integral e joguinhos trava cuca nas mesas pra distrair.


Também tivemos mau momentos, como no famoso e super valorizado Casa do Chico, na Lagoa da Conceição. Comida meio carregação e o vinho... bem, foi culpa do Pedro que pediu o da casa. Sorte que no hotel nos esperava um Cabernet Sauvignon Marques de Casa Concha 2007, trazido especialmente para a ocasião.

Para encerrar em grande estilo e superar qualquer trauma, o programa de domingo foi um rolé até... o Pântano do Sul, para refazer a pé o trecho "macabro" que me assombrou no Multisport. Só que no sentido inverso, do Pântano do Sul até a Lagoinha do Leste. Não sofri tanto, não me maltratei tanto. E, além de ter feito ida e volta com um intervalo de uma hora e meia pra curtir a praia mais linda da ilha, ainda fomos premiados com uma indescritível sequencia de camarões no restaurante Mandala, na beira da praia do Pântano do Sul com seus barquinhos de pescadores. Garanto que é uma das melhores de Floripa. Vai por mim... ; )


Afe, eu escrevo demais! Sorry.

Correr: O percurso completo está aqui, com nível de dificuldade (o primeiro trecho não é 9k, não, hein...). O mapa está nesse link aqui. Não esqueça de levar muita hidratação e alimentação.

Remar: Na raia de Florianópolis. Dependendo das condições de vento pode ser na Baía Norte ou na Baía Sul, perto da Ponte Hercílio Luz. Atenção pois há trânsito de lanchas. Os clubes de remo têm boa estrutura de vestiários. Site da Federação Catarinense é esse.


Comer: Vou poupar vcs de descrever as comidas de prova para não tirar o apetite. Recomendo em Floripa o Mar Massas, o Restaurante da Deca, a Pizzaria Nave Mãe e o Mandala. Os restaurantes da Lagoa da Conceição, a meu ver, são meio forçação de barra...


Beber: Não caiam no conto do vinho da casa... Mas para a sequencia de camarão, uma Original gelada é o que há!

Não sei pq não pegou a configuração da minha fonte bonitinha dos posts anteriores. Perdão, leitores.









3 comentários:

  1. Vc quer dizer "fundo de tela" (Hintergrundbild)?

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  2. Manu se tiver tempo depois , vai no Ostradamus, no ribeirão da ilha tem ostras do jeito que vc imaginar ..ou não e um arroz com polvo defimado- canoada, tudo a ver com a prova hahahaha,beijos e boa prova

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  3. Manu,

    Devia ter descrito no nosso treino secreto em Sao Paulo! ;)

    bjs
    Beto

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