Certa vez um amigo de São Paulo olhou para fora do vidro do carro e suspirou: "Meu, vc já se deu conta de quantas montanhas tem no Rio. São uns privilegiados".
Não vou discutir a forma de ocupação, os muros, o desmatamento. Afinal, aqui eu trato de esporte e comida.
Realmente quem gosta de esportes de montanha tem no Maciço da Tijuca um verdadeiro playground. Não por acaso, a Mostra Internacional de Filmes de Montanha (que eu divulgo há pelo menos cinco, se não me engano) já está na décima edição. Tem morro pra quem gosta de escalar, pedalar, correr, andar de skate, saltar de asa delta... e até para quem gosta de snowboard. Nunca vou esquecer da Isabel Clark, nossa craque da neve, dizendo sonhar em deslizar pela encosta nevada do Corcovado.
Vou encarar, pela segunda vez, uma prova chamada Multisport Brasil, em Floripa, dia 19. Minha singela missão é correr 11km na montanha, mais 8,5km nas dunas da Joaquina, outros 7km de morro para finalizar com 5km na praia de Jurerê. Ou seja, precisei dar uma investida nesses dias nas ladeiras cariocas.
E nada melhor do que o Carnaval para poder treinar, comer e dormir. Fui para as Paineiras na quarta de cinzas. Meio burrice da minha parte, o Corcovado estava lotado de turista. Nada, porém, que atrapalhasse o treino de 10km, saindo da cancela, subindo, subindo, subindo até a outra portaria, e dando uma esticada em direção ao Alto da Boa Vista para depois voltar e encontrar o namorado lendo no mirante. E, claro, tomar aquela ducha gelada.
Correr nas montanhas cariocas é o treino mais lindo do mundo. Aliás, qualquer esporte ao ar livre no Rio é inspirador (já ouvi de uma remadora americana que remar na Lagoa olhando o Cristo dá força a qualquer um na hora do sofrimento máximo). Sente o visual na estradinha das Paineiras...
No sábado, depois de remar, resolvi dar uma esticada até a Mesa do Imperador. Dessa vez foram 12km, sendo 4km no plano, 4km subindo e outros 4km descendo. Belo treino. E um baita social: a tribo outdoor se encontra ali, mesmo sem querer. No caminho esbarrei em uns oito amigos, todos no mesmo astral. Ainda não me sinto na Suiça, mas a segurança por aquelas bandas está melhor e o pânico que eu tinha de ser assaltada agora é só um medinho transformado em atenção redobrada. Mas tem tanta gente subindo e descendo de bike, skate ou correndo que vc nunca está sozinha. E tem o policiamento do parque, os turistas.. enfim, um programa bacana. Mas nesse sábado acabei destruída de tão cansada.
Nessa "vibe" das montanhas não tive dúvidas: na sexta fui experimentar o Térèze, restaurante estrelado do antigo Hotel dos Descasados, ali em Santa Tereza (segundo nosso Governador, a "Montmartre carioca"). Quem assina é Damien Montecer, que já andou nas cozinhas de Gordon Ramsay, Allain Ducasse e Christophe Lidy.
O visual é incomparável. O pé direito alto, os janelões, os móveis de madeira maciça, a iluminação indireta. Tudo impecável. Mas Pedro e eu, pra variar, sofremos um pouco por sermos "jovens demais" praquele lugar. Achei o atendimento esquisito: os pães que foram oferecidos na chegada só apareceram na cestinha quando estávamos na metade da entrada; a água com gás estava queeente...; pedimos para falar com o sommelier mas ele jamais apareceu; mesas que estavam desocupadas há um tempo ainda não tinham sido limpas e arrumadas...
Mas a comida de Damien é divina. Me lembrou um pouco a Roberta Sudbrack, com toques brasileiros dentro de uma "lógica" francesa. Fui de caldo de feijão branco (com ovo de codorna poche, azeite de trufas e farofa de castanhas). Pedro escolheu a pupunha com queijo minas crocante, vinagrete de rapadura (sensacional!) e salada de agrião. Harmonizei com um rosé francês de 2002 (que esqueci o nome, mas achei um pouco ácido). Pedro experimentou pela primeira vez um Gewurztaminer (brasileiro! Angheben 2008).
No principal, o meu filé com seis pimentas, com tomate provençal com shimeji e pupunha grelhado estava nota 10 (talvez o prato um pouco grande demais para aquela hora da noite) e caiu bem com o Angheben (de novo o brazuca) Cabernet Sauvignon 2006, uma boa surpresa. Já Pedro se deu mal: o cordeiro estava cheio de nervos e difícil de mastigar. Era uma criação até interessante, meio oriental, com legumes e guiozas. Salvou o Chianti Piccini 2007.
Enquanto comíamos o rocambole crumble de doce de leite com sorvete de pêssego (e um Château Ramon Montbazillac 2006), o staff já se preparava para fechar o salão, o que me incomodou um pouco. Simpático, nosso garçom (Sidnei) nos ofereceu de cortesia as taças de vinho de sobremesa, talvez para "reparar" o problema no prato do Pedro.
Humm... acho que agora estou entendendo pq a corridinha de sábado foi tão dura... Três taças de vinho, filé, feijão...
Correr: Paineiras: saindo da cancela do estacionamento do Cristo em direção ao Alto da Boa Vista, passando pela segunda cancela na bifurcação do Sumaré. Ida e volta 10km. Nível moderado forte. Duchas no caminho. Local para comprar bebida perto do Corcovado. Mesa do Imperador: saindo do remo do Botafogo pela Pacheco Leão e volta até o Clube dos Macacos. 12km. Nível forte. Sem local "oficial" para comprar bebida. Fluxo constante de carros.
Comer: Restaurante Térèze (Rua Almirante Alexandrino 660). Reserva recomendada.
Beber: Seleção de vinhos interessante no Térèze. Mas o destaque desse passeio pelas montanhas foi a garrafinha d'agua que ganhei de um amigo que passava quando estava quase "morrendo" na subida para a Vista Chinesa.
Boa semana a todos.
Não vou discutir a forma de ocupação, os muros, o desmatamento. Afinal, aqui eu trato de esporte e comida.
Realmente quem gosta de esportes de montanha tem no Maciço da Tijuca um verdadeiro playground. Não por acaso, a Mostra Internacional de Filmes de Montanha (que eu divulgo há pelo menos cinco, se não me engano) já está na décima edição. Tem morro pra quem gosta de escalar, pedalar, correr, andar de skate, saltar de asa delta... e até para quem gosta de snowboard. Nunca vou esquecer da Isabel Clark, nossa craque da neve, dizendo sonhar em deslizar pela encosta nevada do Corcovado.
Vou encarar, pela segunda vez, uma prova chamada Multisport Brasil, em Floripa, dia 19. Minha singela missão é correr 11km na montanha, mais 8,5km nas dunas da Joaquina, outros 7km de morro para finalizar com 5km na praia de Jurerê. Ou seja, precisei dar uma investida nesses dias nas ladeiras cariocas.
E nada melhor do que o Carnaval para poder treinar, comer e dormir. Fui para as Paineiras na quarta de cinzas. Meio burrice da minha parte, o Corcovado estava lotado de turista. Nada, porém, que atrapalhasse o treino de 10km, saindo da cancela, subindo, subindo, subindo até a outra portaria, e dando uma esticada em direção ao Alto da Boa Vista para depois voltar e encontrar o namorado lendo no mirante. E, claro, tomar aquela ducha gelada.
Correr nas montanhas cariocas é o treino mais lindo do mundo. Aliás, qualquer esporte ao ar livre no Rio é inspirador (já ouvi de uma remadora americana que remar na Lagoa olhando o Cristo dá força a qualquer um na hora do sofrimento máximo). Sente o visual na estradinha das Paineiras...
No sábado, depois de remar, resolvi dar uma esticada até a Mesa do Imperador. Dessa vez foram 12km, sendo 4km no plano, 4km subindo e outros 4km descendo. Belo treino. E um baita social: a tribo outdoor se encontra ali, mesmo sem querer. No caminho esbarrei em uns oito amigos, todos no mesmo astral. Ainda não me sinto na Suiça, mas a segurança por aquelas bandas está melhor e o pânico que eu tinha de ser assaltada agora é só um medinho transformado em atenção redobrada. Mas tem tanta gente subindo e descendo de bike, skate ou correndo que vc nunca está sozinha. E tem o policiamento do parque, os turistas.. enfim, um programa bacana. Mas nesse sábado acabei destruída de tão cansada.
Nessa "vibe" das montanhas não tive dúvidas: na sexta fui experimentar o Térèze, restaurante estrelado do antigo Hotel dos Descasados, ali em Santa Tereza (segundo nosso Governador, a "Montmartre carioca"). Quem assina é Damien Montecer, que já andou nas cozinhas de Gordon Ramsay, Allain Ducasse e Christophe Lidy.
O visual é incomparável. O pé direito alto, os janelões, os móveis de madeira maciça, a iluminação indireta. Tudo impecável. Mas Pedro e eu, pra variar, sofremos um pouco por sermos "jovens demais" praquele lugar. Achei o atendimento esquisito: os pães que foram oferecidos na chegada só apareceram na cestinha quando estávamos na metade da entrada; a água com gás estava queeente...; pedimos para falar com o sommelier mas ele jamais apareceu; mesas que estavam desocupadas há um tempo ainda não tinham sido limpas e arrumadas...
Mas a comida de Damien é divina. Me lembrou um pouco a Roberta Sudbrack, com toques brasileiros dentro de uma "lógica" francesa. Fui de caldo de feijão branco (com ovo de codorna poche, azeite de trufas e farofa de castanhas). Pedro escolheu a pupunha com queijo minas crocante, vinagrete de rapadura (sensacional!) e salada de agrião. Harmonizei com um rosé francês de 2002 (que esqueci o nome, mas achei um pouco ácido). Pedro experimentou pela primeira vez um Gewurztaminer (brasileiro! Angheben 2008).
No principal, o meu filé com seis pimentas, com tomate provençal com shimeji e pupunha grelhado estava nota 10 (talvez o prato um pouco grande demais para aquela hora da noite) e caiu bem com o Angheben (de novo o brazuca) Cabernet Sauvignon 2006, uma boa surpresa. Já Pedro se deu mal: o cordeiro estava cheio de nervos e difícil de mastigar. Era uma criação até interessante, meio oriental, com legumes e guiozas. Salvou o Chianti Piccini 2007.
Enquanto comíamos o rocambole crumble de doce de leite com sorvete de pêssego (e um Château Ramon Montbazillac 2006), o staff já se preparava para fechar o salão, o que me incomodou um pouco. Simpático, nosso garçom (Sidnei) nos ofereceu de cortesia as taças de vinho de sobremesa, talvez para "reparar" o problema no prato do Pedro.
Humm... acho que agora estou entendendo pq a corridinha de sábado foi tão dura... Três taças de vinho, filé, feijão...
Correr: Paineiras: saindo da cancela do estacionamento do Cristo em direção ao Alto da Boa Vista, passando pela segunda cancela na bifurcação do Sumaré. Ida e volta 10km. Nível moderado forte. Duchas no caminho. Local para comprar bebida perto do Corcovado. Mesa do Imperador: saindo do remo do Botafogo pela Pacheco Leão e volta até o Clube dos Macacos. 12km. Nível forte. Sem local "oficial" para comprar bebida. Fluxo constante de carros.
Comer: Restaurante Térèze (Rua Almirante Alexandrino 660). Reserva recomendada.
Beber: Seleção de vinhos interessante no Térèze. Mas o destaque desse passeio pelas montanhas foi a garrafinha d'agua que ganhei de um amigo que passava quando estava quase "morrendo" na subida para a Vista Chinesa.
Boa semana a todos.
Manu, me lembrou o Bar dos Descasados, que fui com o Pedrinho comemorar meu aniversário. Era uma segunda, só nós no restaurante. Então o atendimento foi excepcional. Nós fomos de espumante brut e polvo ao vinagrete. Ainda guardamos um espaço para uma sobremesa fabulosa - pirulitos de chocolate com farofa crocante de amêndoas e calda quente de chocolate. Só para te deixar um pouco com água na boca também. Estou começando a perceber que só poderei ler seus posts após o almoço. rsrsrs Beijão!
ResponderExcluirTá usando bem as libras transferidas, hein?
ResponderExcluirContinua aê "harmonizando", que numa dessas o Pedro vira Pedrita!
Abraços!