Noutro dia fui ao Estádio de Remo assistir à segunda regata do Estadual de Remo do Rio. Queria ver a prova do Oito, em que o Botafogo era favorito e contava com vários amigos no barco. Mas acabei me emocionando é com o Double Feminino Master, páreo que, inclusive, eu deveria correr.
Kátia e Cláudia, as gêmeas que durante 18 anos fizeram uma dupla imbatível no Double ou no Dois Sem por Flamengo e, nas últimas três temporadas, no Vasco, anunciaram que estavam deixando definitivamente as raias. Duas atletas que sempre me assombraram e me inspiraram.
Eu até podia ter ficado "feliz", já que KátiaeCláudia são minhas adversárias no Master. Nunca, confesso, tive o "prazer" de derrotar as duas. Em 2008, nas minhas últimas regatas vestindo a camisa do Flamengo (e elas no Vasco), foi por muito, muito pouco no Four Skiff e no Oito. Mas não ganhei. Assim como tb não fiquei feliz com a notícia da aposentadoria delas no começo de abril.
Tenho poucas (e boas) lembranças delas como rivais. Infelizmente não levei o remo tão a sério a ponto de poder fazer frente de verdade a elas, mas recordo com saudade um Troféu Brasil em São Paulo em 2004. Tinha acabado de voltar de Atenas, onde fui cobrir o judô e os patrocinados da Unimed-Rio, e meu técnico Xoxô me convocou às preças para remar um Dois Sem no Brasileiro. Tinha feito dupla com Camila no Dois Sem Peso Leve do Estadual de 2003 (levamos bronze) e precisávamos, agora, reeditar a parceria da noite para o dia para remar contra KátiaeCláudia para que a prova não fosse cancelada por falta de quorum naquele campeonato. Estava completamente sem treinar depois de um mês na Grécia e na Alemanha. Pra piorar, eu que tinha remado na proa de boreste (remo para a esquerda) ia sentar na voga (o que dá o ritmo do barco) de bombordo (remo para a direita). Em vez de nos massacrar com sua superioridade, as irmãs rubro-negras botaram um barquinho de vantagem e fizeram uma prova bonita, com os dois barcos chegando juntos em nome do remo feminino. Nem sei se elas lembram disso, mas até hoje abro um sorriso quando vem a memória a cena dessa regata inesperada.
Nasci vendo e ouvindo sobre KátiaeCláudia, a entidade. A dupla que veio do pólo aquático e que foi a primeira guarnição feminina em Jogos Pan-Americanos. Era 1997, eu estava na categoria principiante. Naquele tempo, tinha umas quatro provas femininas no ano no Estadual. A gente saía do principiante, virava estreante e depois "Aberto", já pegava as Gêmeas pela proa. Sem chance de ser feliz. Era assustador.
Não culpo o fantasma KátiaeCláudia por tantas meninas terem parado de remar depois do estreante. Bastava treino e perseverança para tentar tirar o ouro delas. É com gente boa que o nível sobe. Simples assim.
Hoje a história é outra, tem coisa de cinco provas para mulheres em cada regata, e o feminino é dividido em categorias como o masculino, muito mais favorável ao surgimento e desenvolvimento de novas atletas.
Mas se existe nesse esporte tão "clube do bolinha" uma Fabiana Beltrame, uma Kyssia Cataldo, uma Camila Carvalho, uma Nayara Furtado - além de Renatona, Panterinha, Debora, Carol, Luciana Granato, tantas meninas guerreiras que enchem as raias pelo Brasil e são a prova do crescimento da categoria - é pq, antes, existiu KátiaeCláudia. Elas não foram as primeiras remadoras do país. E, em seu tempo, havia também Mônica Anversa, outro expoente das raias, que trocou os calos no pé causados pelo balé pelos calos na mão provocados pelas remadas vigorosas em seu Skiff. Mas Kátia e Cláudia, sem dúvida, são o símbolo de um fase importante para a consolidação do remo feminino no Brasil.
Kátia e Cláudia, as gêmeas que durante 18 anos fizeram uma dupla imbatível no Double ou no Dois Sem por Flamengo e, nas últimas três temporadas, no Vasco, anunciaram que estavam deixando definitivamente as raias. Duas atletas que sempre me assombraram e me inspiraram.
Eu até podia ter ficado "feliz", já que KátiaeCláudia são minhas adversárias no Master. Nunca, confesso, tive o "prazer" de derrotar as duas. Em 2008, nas minhas últimas regatas vestindo a camisa do Flamengo (e elas no Vasco), foi por muito, muito pouco no Four Skiff e no Oito. Mas não ganhei. Assim como tb não fiquei feliz com a notícia da aposentadoria delas no começo de abril.
Four Skiff medalha de prata em 2008 por bem pouquinho. No canto, as gêmeas recebem o ouro. |
O Dois Sem com Camila no Troféu Brasil de 2004, raia da USP. |
Não culpo o fantasma KátiaeCláudia por tantas meninas terem parado de remar depois do estreante. Bastava treino e perseverança para tentar tirar o ouro delas. É com gente boa que o nível sobe. Simples assim.
Hoje a história é outra, tem coisa de cinco provas para mulheres em cada regata, e o feminino é dividido em categorias como o masculino, muito mais favorável ao surgimento e desenvolvimento de novas atletas.
Mas se existe nesse esporte tão "clube do bolinha" uma Fabiana Beltrame, uma Kyssia Cataldo, uma Camila Carvalho, uma Nayara Furtado - além de Renatona, Panterinha, Debora, Carol, Luciana Granato, tantas meninas guerreiras que enchem as raias pelo Brasil e são a prova do crescimento da categoria - é pq, antes, existiu KátiaeCláudia. Elas não foram as primeiras remadoras do país. E, em seu tempo, havia também Mônica Anversa, outro expoente das raias, que trocou os calos no pé causados pelo balé pelos calos na mão provocados pelas remadas vigorosas em seu Skiff. Mas Kátia e Cláudia, sem dúvida, são o símbolo de um fase importante para a consolidação do remo feminino no Brasil.