segunda-feira, 19 de setembro de 2011

A não educação nas pistas

Foto do Olhares/UOL
Eu corro sem música, só ouvindo os passos no asfalto, a respiração e matutando coisas na cachola. Recentemente, tenho pensado muito na educação das pessoas. Ou na falta dela.

Fico sem saber se é egoísmo ou burrice. Mas não entendo o motivo de as pessoas não respeitarem o básico: mão do lado direito, contramão do lado esquerdo. Afinal, não estamos em Londres.

Noutro dia fui no Ibirapuera e estou convencida realmente de que os paulistas foram colonizados pelos ingleses. E não é por causa da garoa e do céu cinza apenas. Só isso explica a pororoca que é um simples cooper numa quarta à noite no Ibira. Quase trombei com uma meia dúzia. Não pode ser tão difícil ficar na sua faixa, meu!

No Rio é pior ainda. Deve ser a tal Lei de Gerson, a única que o carioca respeita. Meus 30km na Lagoa nesse sábado foram um suplício. Famílias de mãos dadas fechando todo o asfalto, bicicletas a mil por hora que parecem não saber o significado da palavra com-par-ti-lha-da, criancinhas desgovernadas com pais fingindo constrnagimento logo atrás, corredores na contramão sem qualquer motivo aparente (e vc que desvie do seu bom caminho, ora). Não vou entrar nem no mérito dos cachorros fora da coleira pq vão achar que é perseguição com os caninos...

Aí vc vai pra orla e a coisa é pior ainda. Carroças de entrega de gelo estacionadas na ciclovia, barraqueiros atravessando na maior calma com barracas e cadeiras, aqueles malas sem alça do skate tirando fino de vc a cada segundo (e sempre com uns magricelos com o cofrinho aparecendo - disgusting), pedestres atravessando a ciclovia sem olhar para os lados e ver se tem gente correndo ou bicicletas vindo (e quando são atropelados, a culpa é do ciclista, claro), senhores em cadeiras de rodas sendo empurrados em plena ciclovia (isso devia ser que nem atravessar uma via de alta velocidade: considerado suicídio).

E quando o pedestre resolve caminhar na ciclovia e o ciclista acha bacana pedalar pelo passeio, como acontece ali embaixo do viaduto da Lagoa? Alguém saberia dizer o motivo?

Muita falta de educação, respeito e bom senso.

Desculpe o desabafo. Deve ser o estresse pré maratona.

Beijos.


terça-feira, 13 de setembro de 2011

Fabiana no País das Maravilhas


Tirei essa foto em 2004, logo depois das Olimpíadas de Atenas, durante um Troféu Brasil em São Paulo no qual competimos, digamos, juntas. Fabiana Beltrame havia acabado de entrar para a história como primeira remadora do Brasil a participar da regata Olímpica. Sim, participar simplesmente. Sem grandes pretensões. A maior conquista já era estar alinhada ali na raia de Schinias ao lado das maiores do mundo.

Fabi tinha o famoso "peso merda", excuse my French. Era pesada demais para remar com as peso-leve (até 59kg) e leve de mais para encarar as brutamontes da Alemanha, Bielorrússia e Romênia, apenas para citar três singelos exemplares da raça.

Quase duas horas de carro só pra ver Fabiana e cia remarem em Schinias, a raia com mais vento da história Olímpica!
Fabi e Macarrão na área dos atletas na Grécia. O que eu estava fazendo lá... hehehe não espalhem!
Voltou da Grécia determinada a forçar a barra e descer para o peso leve. Esse Troféu Brasil aí da foto era o começo da tentativa dos novos tempos que não vingaram como Fabi planejara. Em Pequim, ela competiu de novo entre as gigantes européias. Já um pouco mais experiente, mas ainda sem poder ir aonde queria chegar de verdade.

Mesmo nos Pans de 2003 e 2007 achei que fosse ver Fabi abocanhar a primeira medalha do remo feminino na competição (Guadalajara 2011 que aguarde!). Nada feito. E Fabi foi somando, em seus treinos diários na Lagoa, quilometragem suficiente para dar várias voltas ao mundo.

Casou com o Gibran, teve a pequena Alice e hoje vive com os dois em seu País das Maravilhas. Construiu com muita dedicação, insistência, coragem, sensibilidade e, claro, talento, o caminho até a primeira medalha de ouro do Brasil em um Campeonato Mundial de Remo. Remou por águas bastante maroladas durante os quase 20 anos de calos nas mãos - mudou de cidade, de clube, de categoria, de técnico. Mas, como boa remadora, soube esperar o "sudoeste" parar de soprar para botar o barco n'agua. E cruzar a linha de chegada em primeiro.

Me afastei do remo por uma série de motivos nos últimos anos. Do trabalho como assessora de imprensa da modalidade e da vida de (quase) atleta que nunca consegui levar adiante por causa da minha não-rotina caótica. Mas nunca deixei de prestar atenção nas remadas da Fabi. Não preciso dizer o quanto fiquei emocionada ao vê-la com o ouro em volta do pescoço e o buquê de hortênsias na mão lá longe na Eslovênia. É prova não Olímpica. Sim, e daí? A alemã campeã do mundo estava alinhada ali do lado. A canadense e a americana (rivais no Pan de Guadalajara?) também não deram conta da força e determinação de Fabi na competição. E basta. Como diz Ronaldo de Carvalho, é para encher a boca e dizer CAMPEÃ MUNDIAL. Assim mesmo, em maiúsculo. Ninguém nunca antes na história desse país conseguiu nada igual.

Li um bocado de textos "oficiais" e um tanto "formais" sobre Fabi, Alice e a medalha de ouro em Bled. Mas ainda queria saber mais do que estava na cabeça dela depois desse feito. Sabia que ela tinha o que dizer.

Graças a uma pequena retomada de trabalho junto à CBR, tive a oportunidade de fazer a breve entrevista "de remadora para remadora" com Fabiana Beltrame que reproduzo aí embaixo. As respostas seguras e maduras mostram que a linha de chegada está ali adiante no horizonte. E ela sabe muito bem como remar para chegar lá antes de todas as outras magricelas que aparecerem em seu caminho:

Fabi, Alice, o ouro e as hortências. Foto do site da FISA.


EU: Como é ser a melhor do mundo?
FABI: É um sonho. Pra ser sincera, não imaginava que podia chegar lá. Mesmo treinando muito pra isso, parecia uma coisa muito distante. Quando vejo as imagens da competição, ainda me emociono.

EU: Quando, durante o Mundial, vc viu que o ouro seria seu?
FABI: Só tive certeza quando cruzei a linha de chegada. Mesmo estando bem na frente, sempre fica aquela sensação que elas poderiam me alcançar a qualquer momento. As vezes olhava pra trás pra ter certeza que estava mesmo na frente, custei a acreditar.

EU: Vc acha que os outros países agora te olham diferente? Enxergam o Brasil como um país diferente?
FABI: Com absoluta certeza. Dá pra sentir o respeito de todos. Remadoras que tenho como ídolas vieram me dar os parabéns e eu sentia que era sincero.

EU: O que vc acha que essa medalha significa para o remo brasileiro?
FABI: Espero que seja uma porta que se abriu, assim como a medalha do Aílson no Mundial sub23, abriu uma porta para mim. Foi a partir da conquista dele que percebi que era possível chegar lá. Espero que outros remadores também se inspirem nisso e nosso remo entre no cenário mundial de uma vez por todas.

EU: Como foi o “dia seguinte” da medalha: ouviu música? passeou com a família? Comeu o que (magrinho é sempre guloso... rs).
FABI: Foi maravilhoso, com a sensação de dever cumprido. Demos uma volta ao lago Bled, que é maravilhoso, tirando fotos, recebendo os parabéns de muitas pessoas e é claro, comendo muita coisa gostosa, rs...

EU:  Até onde a Fabiana Beltrame pode chegar?
FABI: Hoje eu já acredito numa medalha Olímpica, sei que não é fácil, é o objetivo de todos os atletas, mas se elas conseguem, nós também conseguimos. Somos todos de carne e osso, o que nos diferencia é a cabeça e o trabalho duro. Sei que pra Londres é difícil, mas com um bom planejamento, por que não em 2016 competindo em casa?

EU: Ser indicada pela FISA para o prêmio de melhor da temporada vale tanto quanto uma medalha? Como vc se sente?
FABI: Nossa, fiquei muito animada com a indicação, mas nada vai superar a emoção que senti quando venci a prova e recebi a medalha com minha filha no colo, cantando o hino nacional. Mas acho que se eu ganhar, vai ser mais uma oportunidade de mostrar para o mundo que nós existimos.


Para votar em Fabiana Beltrame para melhor remadora de 2011 no prêmio da Federação Internacional de Remo é só clicar aqui.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Corrida "rústica" em Buenos Aires: 21km sem frescuras


Esqueça tudo o que vc ouviu falar sobre corrida de rua. Ou melhor, lembre-se apenas dos primórdios, uma época em que bastava calçar o tênis, largar e cruzar o pórtico alguns km adiante. Foi mais ou menos assim em Buenos Aires.

Ainda nem eram sete da manhã, estávamos no taxi com cara amassada, maçã na mão e um frio de rachar do lado de fora (coisa de 10-12 graus) e quebro o silêncio com um irremediável:

"Esqueci o Garmin no hotel".

Foi apenas mais um item da lista "chega de frescura", o lema que imperou nos 21km portenhos do último final de semana. Tirando o meu Asics que vem sendo amaciado para encarar a Maratona de Amsterdam daqui a 34 dias, o resto é o resto. Não me entreguei a qualquer tecnologia da era moderna. Tipo "joguei o manual do corredor no lixo". Conscientemente, pra desespero do Pedro que queria parciais a cada km e ameaçou um bico ao se dar conta de que teria que usar o cronômetro do iPhone como parâmetro se quisesse saber mais ou menos como a coisa ia pelas ruas de Buenos Aires.

Chegamos na barraca da Runners Club e pimba!: todo mundo com meias de compressão. É fato que quase comprei uma na Expo, mas não foi dessa vez ainda. Panturrilha de fora, tentei me confortar por não ter o equipamento lembrando do Marílson Gomes dos Santos falando que não via grandes vantagens em usar essa meia, não. Tá vendo, temos algo mais em comum Marílson e eu! (sim, pois temos tb em comum o fato de ele ter feito 1h01min na Meia e eu ter precisado do mesmo espaço de tempo para correr os 11km finais da prova, não é legal?!). Deu tb uma invejinha do casaco quentinho que o pessoal vestia. Casaco? Que nada! Não sabia se teria guarda-volume e não quis arriscar. Ainda bem que tenho aquela capinha de gordura protetora...
Friozinho antes da largada. Sem Garmin nem meia de compressão!
Sem meia de compressão, sem o Garmin e sem Gu ou Power Gel (meus preferidos) - só com um gel de R$ 1,50 preso na cintura (eram dois, mas o outro caiu durante a corrida), ouvi a largada da elite quando ainda esperava meu queniano de olhos azuis na fila do banheiro. Em fração de segundos soou a buzina da nossa. Alguém falou aquecer? Vixi...

A largada da Meia de Buenos Aires é um pouco caótica, isso é preciso dizer. Locutor confuso, carros estacionados nas laterais da pista estreita e em curva, gente se atropelando para não ficar engarrafado (estilo Niemeyer na largada da Meia da Yescom)... Penamos por 4km com um ritmo pouco acima dos 6min/km, o que já me deixou embodeada e pessimista quanto às perspectivas de conclusão da prova dentro do tempo que eu queria - abaixo de duas horas.
Largada: festa estranha com gente esquisita. No fim dá tudo certo.
Aí lembrei de todo o "esforço" dos dias anteriores: o menu degustação do Guido's Bar com vinho até altas horas de sexta; o ojo de bife com papas fritas e um ótimo Rivus Malbec no almoço de sábado no El Obrero (La Boca) depois de andar por horas pelas ruazinhas de Palermo; o passeio a pé entre Porto Madero e a Calle Florida no entardecer e o jantar no italiano La Baita às 23h, depois de uma hora na fila de espera, e sem direito a vinho porque afinal, íamos correr no dia seguinte! Tanto sacrifício tinha que vale a pena, afinal!
Ojo de Bife no El Obrero...
... e degustação no Guido's Bar. Esforço recompensado.
Passamos os 10k com conservadores e desanimadores 58min. Mas depois da bela hidratação com Malbec da véspera, me sentia incrivelmente forte e resolvemos acelerar. Comecei a fazer contas na minha cabeça cada vez que passávamos por um relógio do percurso. Vi que dava para beirar as 2h de prova se tivéssemos coragem. Fomos acelerando, acelerando e a 5km do final estava claro que seria possível tentar fazer alguns segundos abaixo das duas horas. E não estava disposta a me arrepender de não ter tentado nem a botar a culpa nas uvas de Mendoza. Os 11km finais foram valentes e cruzamos o pórtico em 1h59min42s. Bem decente.
"Faca nos dentes" para cruzar abaixo de 2h.
A verdade é que Meia Maratona de Buenos Aires é um barataço. Tirando a largada esquisita, tudo é legal: fiz inscrição online sem maiores burocracias, o percurso passa pelos principais pontos turísticos da cidade, bandas de música de estilos variados levantam o astral dos corredores a cada 4km mais ou menos (faltou um, acho eu, na altura do km 16, perto do Porto. Um momento crucial e que, no caso, passa por um lugar feio e com pouca gente), tem tapete de tempo a cada 5km,  a temperatura é ótima para correr, os postos de hidratação são bem distribuídos e água e isotônico vêm em copinhos, tem banana e laranja tb pra quem quiser (mas jogar a casca no chão é um atentado contra quem vem atrás!).  Ah, e os resultados estavam online domingo à noite já! A Expo de entrega de kits também é bem resolvidinha, com estandes vendendo de tudo o que o corredor gosta. No meu caso, não perdi 10min na fila pra retirar o chip descartável e a sacolinha cheia de papéis inúteis - e olha que fui no sábado tipo 14:00.
Kit na mão. Bora tomar vinho!
Casa Rosada ali perto do km 10. 
A camisa amarelo abacate com layout desengonçado é de gosto duvidoso? É. A medalha é pobrezinha? Sim. Mas "who cares"? É uma corrida "rústica", uai. No mais, a prova tem de tudo pro corredor mandar bem. Mesmo sem Garmin ou meia de compressão.

Depois, é só comemorar. Até ano que vem.


Correr: Meia Maratona de Buenos Aires, sempre no final de semana em torno do dia 10 de setembro. Esse ano, dos 13 mil inscritos, uns 2 mil eram brasileiros. Tem também prova de 10km, com largada na mesma hora e local. O percurso é bem plano (salvo um ou outro denivelzinho sem maiores traumas) e com as temperaturas baixas, a Meia de Buenos Aires é boa para tempos rápidos, dizem. Isso se vc não tomar Malbec e comer chorizo na véspera, como eu.

Comer: El Obrero (Augustin Caffarena 64 - com Caboto, La Boca / Tel. + 54 11 4362-9912); Guido's Bar (Rep de la Índia 2834, Palermo / Tel. + 54 11 4802-2391); La Baita (Thames 1603 - com Honduras, Palermo Viejo / Tel. + 54 11 4832-7234).

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Meus pé sujos queridos: Rio Minho, Bar Urca e Bar do Estadão

Nem só de restaurante estrelado vive a alta gastronomia, e disso sabemos muito bem. E antes que vcs achem que sou "esnobe" e só me entrego ao talento da Roberta Sudbrack, faço questão de escrever esse post para compartilhar alguns dos meus (muitos) pé sujos queridos. Se é que se pode chamar eles assim.

E onde come-se o melhor peixe do Rio de Janeiro sem ser nas mesas frequentadas por Madonna e Mick Jagger - o Satyricon, em Ipanema? No Rio Minho e no Bar Urca, respondo eu.


São dois lugares quase diferentes, sim, mas igualmente espetaculares para "comidas que nadam". O Rio Minho fica no Centro, numa portinha na rua atrás da Bolsa de Valores, com "vista" para o Elevado da Perimetral e barulho de carros. Claro que em 1884, quando a casa serviu sua primeira sopa Leão Veloso, não existia nada disso e o mar estava apenas a alguns passos dali... Bem, tem sempre a opção de entrar no salão refrigerado e pagar preços um pouco mais caros pela "paz" e "clima de montanha". Ou então é fazer como faço: sentar no balcão de ferro ou nas mesinhas espremidas na calçada e relaxar com uma Terezópolis gelada enquanto o bolinho de bacalhau não vem.

Foi o Pedro quem me apresentou o Rio Minho logo que foi trabalhar na Cidade. Volta e meia vou lá almoçar com ele. Nunca consegui pedir nada diferente do bobó de lagostim ou do polvo grelhado com arroz de brócolis e batata (um prato dá para dois, ainda mais se pedir aperitivos antes). Mas dizem que o bacalhau de lá tb é uma coisa! Ah, sim, e guarde espaço para o pudim de leite "da vovó" para encerrar os trabalhos!


O Bar Urca ficou "pop", mas continua familiar. Tem gringo em casa? Vou pra lá. Corri a Maratona? Vou pra lá botar carboidrato pra dentro. Vamos dar uma corridinha durante o Carnaval? Bar Urca no fim da linha para recarregar as energias com uma empada de camarão. Festa de fim de ano do escritório? Todos pro Bar Urca! Meu porto seguro.

E quem nunca ouviu falar da "muretinha"? O pequeno muro de pedra que percorrer toda a orla da Urca diante da Baía de Guanabara deslumbrante. Virou extensão do Bar. Antigamente (antes dessa coisa politicamente correta chamada "choque de ordem" que acabou com uma série de instituições cariocas que não faziam mal a ninguém...) a muretinha era oficial - os garçons iam lá servir vc e anotavam seu nome na comanda com as coordenadas de localização. Hoje vc precisa levantar para ir pegar as empadas e bolinhos e sardinhas e Original (só tem gelada, quem não gosta nem aparece por lá) no balcão.

Bar Urca para carregar os carboidratos do corpo depois da Maratona do Rio 2010!
Assim como o Rio Minho, o Bar Urca tem duas identidades: a muretinha, frequentada pelos milicos do Forte São João, pescadores de ocasião, turistas e moradores do bairro em suas cadeiras de praia; e o restaurante do segundo andar, um aperto só de mesas e que tem espera de quase três horas nos almoços de final de semana. Não dá muito para escolher, mas as mesas ao lado do janelão de vidro são uma benção!

Ah, sim, e como qualquer boteco que se presa, as porções são generosas e servem duas pessoas. Bobó de camarão, moqueca, camarão ao alho e óleo... Ai, ai...

E para não dizer que sou bairrista, coloco aqui o único exemplar que conheci até hoje com pedigree de boteco em São Paulo. E não estou falando dos "botecos wanna be" tipo Astor, São Cristóvão e Pirajá. Falo de pé sujo mesmo. Duvida? Então sente o astral do Bar do Estadão, com seu sanduba de pernil histórico e "minutas" que alimentam há muito a fauna da madrugada no centro de Sampa.


Na mesma noite tem o funcionário da Eletropaulo, moças trabalhadeiras, segurança de firma com filme pornô saindo do bolso (eu vi!!!!) e cariocas querendo se sentir em casa.

Estou acabando de escrever esse post e já me sinto injusta por não ter falado do Cervantes, do Adega da Velha, do Lamas, do Bar Lagoa, do Braseiro...

Comer: Bar Urca (Rua Cândido Gafree 205, Urca / 21 2295-8744) // Rio Minho (Rua do Ouvidor 10, Centro / 21 2509-2338) // Bar do Estadão (Viaduto 9 de Julho 193, Centro / 11 3257-7121).

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Paraty Mirim

Vou a Paraty Mirim desde três meses de vida. É lá o lugar no planeta que me sinto mais em casa, sem medos, estresses e relógio. Apenas pé descalço, tartarugas, siri e barquinhos passando. E algumas delícias que compartilho com vcs aqui.


Por mais intensa que ande a rotina de viagens "oficiais", pegar a Rio-Santos por 4h para chegar à praia de Paraty Mirim, quase ali na divisa com São Paulo, está longe de ser uma tortura. É revigorante, isso sim. Dei um pulinho lá na "casa de Robson Cruzoé" no último final de semana.



E os franceses que me desculpem, mas as ostras com limão galego vendidas pelo Nílson, caiçara ali das imediações da Ilha da Cotia, não têm comparação. Nílson pega, ele mesmo, diariamente as conchinhas na Baía de Paraty Mirim. Vende a dúzia por R$ 20. Um dia já foi R$ 15. "Mas agora tem pouca ostra nas pedras. O pessoal de Ubatuba vem aqui e pega 22 dúzias de uma leva só. Ficamos sem nada", reclama com a faca na mão sentado em sua canoa canadense.

O público alvo de Nílson é a turma endinheirada, que chega em iates e veleiros na baiazinha da Cotia para se proteger do vento. Num botinho de alumínio e motor de 3.3HP, vemos a canoa se aproxiar. "Oi, bom dia! Reconheci o barco de longe", saúda o caiçara abrindo o sorriso familiar.

Sempre que vou a Paraty Mirim dou uma escapada até a Cotia em busca das ostras. Já fui de caiaque e de bote. Nunca de lanchona. Nílson vende fiado pra gente, aceita encomenda e diz: "O pessoal de barco grande é muito mão fechada. Não consome quase nada".


O repertório de iguarias do mar de Paraty tem ainda camarões comprados direto dos barcos pesqueiros (abordagem sempre nadando ou de caiaque, para espanto da tripulação!), guaiamum pescado de puçá no deque e peixes do seu Dedeco, velho pescador da praia de Paraty Mirim. Isso quando o capitão Pedro Ninô não fisga um ou outro peixinho pra mandar pra brasa na folha de bananeira!


O encerramento do banquete é na Rio-Santos, altura de Bracuí, ali no quilômetro 499 mais ou menos. Chama-se Bar do Chuveiro, o pé sujo mais concorrido da estrada. Em alta temporada, carrões batem ponto na frente da varanda, ao lado do chuveirão que dá nome ao bar cheio de gordinhos de roupa de banho se refrescando do calor. Mais kitsch impossível.

Das dezenas de panela de óleo fervendo (uma para cada sabor do cardápio) saem os pastéis mais fartos e sequinhos de que se tem notícia. Siri, camarão com catupiry, queijo com cebola, carne com palmito... e até de vento, para quem ficar incomodado com tanto recheio dentro da massa.


Dizem que Amyr Klink vem de São Paulo a Paraty pela Rio-Santos só para se abastecer no Bar do Chuveiro.

Comer: Ostras do Nílson - Ilha da Cotia, Baía de Paraty Mirim. Normalmente aos fianis de semana e feriados, no começo da tarde. Custa R$ 20 a dúzia. // Bar do Chuveiro - Rio-Santos, km 499, altura de Bracuí. Entre R$ 3 e R$ 6 a unidade do pastel. Fecha 22:00 e não abre às segundas.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Run, Forrest, Run!

Sei lá pq deu vontade de contar pra vcs as dez corridas que mais gostaria de fazer ainda nessa encarnação - e pretendo curtir algumas delas antes dos 40 anos. Na ordem:



1. Maratona do Médoc
2. Cruce de los Andes
3. Midnight Sun Marathon - Tromso
4. Maratona de Paris
5. Maratona de NY
6. Maratona do Polo Norte
7. Maratona de Londres
8. Maratona Nice-Cannes
9. Maratona da Muralha da China (apesar de ser na China!)
10. MARATONA DO RIO PRA SEMPRE!

Correr: Marathon du Médoc (10 de setembro de 2011), Cruce de los Andes (fevereiro de 2012), Maratona do Polo Norte (TBC), Maratona de Paris (15 de abril de 2012, Maratona de NY  (6 de novembro de 2011), Midnight Sun Marathon (30 de junho de 2012), Maratona de Londres (22 de abril de 2012), Maratona Nice-Cannes (20 de novembro de 2011), Maratona da Muralha da China (19 de maio de 2012), Maratona do Rio (8 de julho de 2012).