Esqueça tudo o que vc ouviu falar sobre corrida de rua. Ou melhor, lembre-se apenas dos primórdios, uma época em que bastava calçar o tênis, largar e cruzar o pórtico alguns km adiante. Foi mais ou menos assim em Buenos Aires.
Ainda nem eram sete da manhã, estávamos no taxi com cara amassada, maçã na mão e um frio de rachar do lado de fora (coisa de 10-12 graus) e quebro o silêncio com um irremediável:
"Esqueci o Garmin no hotel".
Foi apenas mais um item da lista "chega de frescura", o lema que imperou nos 21km portenhos do último final de semana. Tirando o meu Asics que vem sendo amaciado para encarar a Maratona de Amsterdam daqui a 34 dias, o resto é o resto. Não me entreguei a qualquer tecnologia da era moderna. Tipo "joguei o manual do corredor no lixo". Conscientemente, pra desespero do Pedro que queria parciais a cada km e ameaçou um bico ao se dar conta de que teria que usar o cronômetro do iPhone como parâmetro se quisesse saber mais ou menos como a coisa ia pelas ruas de Buenos Aires.
Chegamos na barraca da Runners Club e pimba!: todo mundo com meias de compressão. É fato que quase comprei uma na Expo, mas não foi dessa vez ainda. Panturrilha de fora, tentei me confortar por não ter o equipamento lembrando do Marílson Gomes dos Santos falando que não via grandes vantagens em usar essa meia, não. Tá vendo, temos algo mais em comum Marílson e eu! (sim, pois temos tb em comum o fato de ele ter feito 1h01min na Meia e eu ter precisado do mesmo espaço de tempo para correr os 11km finais da prova, não é legal?!). Deu tb uma invejinha do casaco quentinho que o pessoal vestia. Casaco? Que nada! Não sabia se teria guarda-volume e não quis arriscar. Ainda bem que tenho aquela capinha de gordura protetora...
Friozinho antes da largada. Sem Garmin nem meia de compressão! |
A largada da Meia de Buenos Aires é um pouco caótica, isso é preciso dizer. Locutor confuso, carros estacionados nas laterais da pista estreita e em curva, gente se atropelando para não ficar engarrafado (estilo Niemeyer na largada da Meia da Yescom)... Penamos por 4km com um ritmo pouco acima dos 6min/km, o que já me deixou embodeada e pessimista quanto às perspectivas de conclusão da prova dentro do tempo que eu queria - abaixo de duas horas.
Largada: festa estranha com gente esquisita. No fim dá tudo certo. |
Ojo de Bife no El Obrero... |
... e degustação no Guido's Bar. Esforço recompensado. |
"Faca nos dentes" para cruzar abaixo de 2h. |
Kit na mão. Bora tomar vinho! |
Casa Rosada ali perto do km 10. |
Depois, é só comemorar. Até ano que vem.
Correr: Meia Maratona de Buenos Aires, sempre no final de semana em torno do dia 10 de setembro. Esse ano, dos 13 mil inscritos, uns 2 mil eram brasileiros. Tem também prova de 10km, com largada na mesma hora e local. O percurso é bem plano (salvo um ou outro denivelzinho sem maiores traumas) e com as temperaturas baixas, a Meia de Buenos Aires é boa para tempos rápidos, dizem. Isso se vc não tomar Malbec e comer chorizo na véspera, como eu.
Comer: El Obrero (Augustin Caffarena 64 - com Caboto, La Boca / Tel. + 54 11 4362-9912); Guido's Bar (Rep de la Índia 2834, Palermo / Tel. + 54 11 4802-2391); La Baita (Thames 1603 - com Honduras, Palermo Viejo / Tel. + 54 11 4832-7234).
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