segunda-feira, 12 de março de 2012

Como na primeira vez

Um grande chef se reconhece pela capacidade de surpreender. Não na primeira vez. Mas na segunda, na terceira, na quarta... Voltei ao Oro há dez dias. Não vou inventar uma "desculpa" para ter baixado, de novo, no salão de Felipe Bronze. Não era aniversário de ninguém. Simplesmente estava com saudade.

Apesar de ser quinta feira, a casa não estava tão cheia. Metade do primeiro andar ocupado e a sensação de que éramos únicos ali, tamanha a cordialidade e o astral da noite: do sempre acolhedor sorriso da Cecilia Aldaz à simpatia de Raul de Lamare, comandante da trupe, passando pela nova e delicada garçonete de sotaque de Portugal e, naturalmente, pelas peripércias de Bronze na cozinha. Uma experiência completa.

Cone de açaí, ovo de codorna e costelinha - sabores de uma noite única. (Fotos do site do Oro).
Reencontramos o maravilhoso cone de açaí com tartar de peixe branco e os paltinhos de moqueca crocantes. Fomos apresentados ao tempura de ovo de codorna com espuma de trufas e à estrela da noite: a costelinha de boi com caramelo de jabuticaba e pure de banana a terra com queijo coalho, outra novidade - de soltar foguetes.

"Tentei trazer a vcs pratos que não tinham experimentado ainda", disse Raul, cuidadoso, para me conquistar definitivamente, mesmo que a harmonização não tenha sido perfeita - estávamos bebendo um Clos de los Siete, argentino maravilhoso, e a maior parte dos pratos era do mar. Who cares?

Felipe Bronze veio à mesa pingar as gotas nitrocongeladas no camarão com chuchu.

"Vocês gostam de lulas?", perguntou e, diante da reposta positiva, emendou. "Vou mandar um prato que estou estando para vcs experimentarem".

Lulas feitas de três maneiras diferente com um "homus" de wasabi. Pedro diz que estava no ponto ideal, eu, mesmo me deleitando com cada pedacinho, senti falta de um pouco mais de provocação do wasabi.

Felipe Bronze promoverá, em breve, uma revolução em seu cardápio. Mas espero que o tartar de mignon com gema de parmesão e fumaça de churrasco continue para sempre. Um dos pratos da minha vida.

"Como assim vcs não comeram o tartar hoje?", espantou-se o chef, em uma de suas aparições. Sorriu e partiu.

E, assim, a degustação de cinco cursos virou sete.

Comer: Oro Restaurante (www.ororestaurante.com)

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