Demorei 34 anos para conhecer o Azumi, 'japa dos japas' em terras cariocas. Foi num jantar de sexta-feira, há coisa de duas semanas. Queríamos, Pedro e eu, comer comida japonesa de verdade, sem essas barcas de sushi ou invencionices tropicais.
Já tinha lido muito sobre o Azumi, considerado a mais perfeita tradução da culinária oriental por essas bandas - uma vez que aqui no balneário não temos nada parecido com a Liberdade paulistana.
Ao entrar, parecia que estava pisando num daqueles vários restaurantezinhos pé sujo de Tóquio, empoleirados em prédios e servidos por elevadores em que mal cabem duas pessoas. Muita madeira na decoração, mesas e cadeiras sem assinatura de designers e espremidinhas umas ao lado das outras, cardápio de plástico, pratos com nomes impronunciáveis (escritos com ideogramas, evidentemente) e olhos puxados por toda parte.
Sentamos no sofa do subsolo (mais Tóquio, impossível), bem ao lado de uma mesa com três homens japoneses que conversavam sem parar, bebiam sem parar e comiam coisas que só aguçavam minha curiosidade. E não fique você pensando que eles estavam atacando califórnias ou sashimis de salmão. Não. Ali no Azumi, pratos quentes são tão (ou mais) populares do que o sushi bar.
Fomos de acelga com camarões refogados e beringela ao forno com molho de misso. O sorriso da garçonete deu a dica que tínhamos começado bem. Senti falta, apenas, de uma carta de saquês mais interessante para acompanhar (eram, se não me engano, apenas três opções).
Enquanto pensávamos na continuação do jantar, baixa na mesa do outro lado um grupo de dois casais jovens e animados. Pareciam já conhecer o lugar - ou, pelo menos, saber que ali vc tem que ousar nos pedidos. Foram perguntando para a atendente o que era isso e aquilo no menu até que param em um tal de Ankimo.
"É fígado de peixe sapo", responde, com toda naturalidade, a moça.
Pedro e eu não aguentamos e caímos na gargalhada. Foi a senha para começarmos um papo com os casais a respeito do tema. Nada mais surreal do que ter algo assim no cardápio, pensamos os seis. E fomos brincando com o tal Ankimo, sem saber que se tratava de uma das maiores iguarias (o foie gras do mar, dizem), raríssimo no Brasil.
Veio nosso pedido do sushi bar (os melhores sashimis que já comi aqui... lembram que falei do Yamazate, estrelado japonês de Amsterdam... pois então... os pratos do Azumi também são tudo aquilo, sem as estrelas do Michelin e a pompa de um hotel cinco estrelas. Fantástico). Ao mesmo tempo, chegam dois potinhos na mesa dos casais.
"Um é para eles ali", aponta um mais animado dos rapazes.
Sim, é exatamente o que vcs estão pensando. Fígado de peixe sapo, muito prazer. Cortesia dos neo-amigos da mesa vizinha. Coisas que só acontecem no Rio de Janeiro.
"Estavam achando que a gente ia encarar essa sozinhos? E não pode fazer cara feia!", emenda o rapaz divertido.
"De graça até injeção na testa! Bom apetite!", sorri uma das moças, grávida.
Arigatô!
Comer: Azumi (R. Ministro Viveiros de Castro, 127 - Copacabana / 21 2295-1098)
Já tinha lido muito sobre o Azumi, considerado a mais perfeita tradução da culinária oriental por essas bandas - uma vez que aqui no balneário não temos nada parecido com a Liberdade paulistana.
Ao entrar, parecia que estava pisando num daqueles vários restaurantezinhos pé sujo de Tóquio, empoleirados em prédios e servidos por elevadores em que mal cabem duas pessoas. Muita madeira na decoração, mesas e cadeiras sem assinatura de designers e espremidinhas umas ao lado das outras, cardápio de plástico, pratos com nomes impronunciáveis (escritos com ideogramas, evidentemente) e olhos puxados por toda parte.
Sentamos no sofa do subsolo (mais Tóquio, impossível), bem ao lado de uma mesa com três homens japoneses que conversavam sem parar, bebiam sem parar e comiam coisas que só aguçavam minha curiosidade. E não fique você pensando que eles estavam atacando califórnias ou sashimis de salmão. Não. Ali no Azumi, pratos quentes são tão (ou mais) populares do que o sushi bar.
Fomos de acelga com camarões refogados e beringela ao forno com molho de misso. O sorriso da garçonete deu a dica que tínhamos começado bem. Senti falta, apenas, de uma carta de saquês mais interessante para acompanhar (eram, se não me engano, apenas três opções).
Enquanto pensávamos na continuação do jantar, baixa na mesa do outro lado um grupo de dois casais jovens e animados. Pareciam já conhecer o lugar - ou, pelo menos, saber que ali vc tem que ousar nos pedidos. Foram perguntando para a atendente o que era isso e aquilo no menu até que param em um tal de Ankimo.
"É fígado de peixe sapo", responde, com toda naturalidade, a moça.
Pedro e eu não aguentamos e caímos na gargalhada. Foi a senha para começarmos um papo com os casais a respeito do tema. Nada mais surreal do que ter algo assim no cardápio, pensamos os seis. E fomos brincando com o tal Ankimo, sem saber que se tratava de uma das maiores iguarias (o foie gras do mar, dizem), raríssimo no Brasil.
Veio nosso pedido do sushi bar (os melhores sashimis que já comi aqui... lembram que falei do Yamazate, estrelado japonês de Amsterdam... pois então... os pratos do Azumi também são tudo aquilo, sem as estrelas do Michelin e a pompa de um hotel cinco estrelas. Fantástico). Ao mesmo tempo, chegam dois potinhos na mesa dos casais.
"Um é para eles ali", aponta um mais animado dos rapazes.
Sim, é exatamente o que vcs estão pensando. Fígado de peixe sapo, muito prazer. Cortesia dos neo-amigos da mesa vizinha. Coisas que só acontecem no Rio de Janeiro.
"Estavam achando que a gente ia encarar essa sozinhos? E não pode fazer cara feia!", emenda o rapaz divertido.
"De graça até injeção na testa! Bom apetite!", sorri uma das moças, grávida.
Arigatô!
Fígado de peixe sapo, cortesia da mesa do lado. |
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