domingo, 16 de junho de 2013

O Maraca e a autoestima


O torcedor brasileiro, de repente, aprendeu a respeitar lugar marcado. Eu mesma me enganei. Sentei na G3 do setor 537, em vez de estar no 538. E o rapaz, com seu ingresso na mão, mostra que aquele era o assento dele. Cinco minutos para o jogo começar e, na minha, frente a cena se repete. Sim, é bom chegar ao estádio e saber que a sua cadeira está lá.

Tinha fila nos bares e banheiros (ora, em qualquer lugar com multidão tem). Mas basta andar "pro segundo bar à esquerda", como indicam os voluntários no anel superior, que a fila está bem suportável.  Foi assim também para entrar. "Setor D está mais sem fila na próxima catraca". Ah, e o cheirinho de limpeza do banheiro!

As coisas podem funcionar.

Sim, sinto falta do concreto gelado da arquibancada dura e da pipoca cor de rosa. Sinto falta da geral e de marcar encontro na pilastra 26.

Hoje o pipoqueiro, com um "popcorn" às costas empresta o saleiro para a torcedora. O segurança (ou "steward", como diz a inscrição) reluzente orienta as famílias. Há muitas mulheres, casais mais velhos, crianças, amigos. Há educação, há gentileza, há autoestima elevada.

O Maracanã está bonito. Ninguém mais faz xixi na mureta. Nem joga lixo no chão.  O escoamento não é apenas pelo Belini ou pela UERJ. Há rampas laterais para dividir o fluxo das 60 mil pessoas (muito mais seguro do que 200 mil saindo por dois caminhos apenas). Com farra e gritos de guerra, mas sem empurra-empurra.

Elitizou o futebol? Não creio. Eventos FIFA são bem diferentes do dia a dia de um Campeonato Carioca ou Brasileiro. Certamente a bebida a 12 reais ou a pipoca a 8 não vieram para ficar.

Mas o novo Maraca (e os novos hábitos), sim.

PS: Agora, para a experiência ficar "maneira" mesmo precisava dividir o público pelo transporte público, usando as diferentes estações de metrô e reorganizando linhas de ônibus no entorno. Um tanto confusa a saída do estádio. O caos de antigamente funcionava melhor...

Um comentário:

  1. Manoela:

    V. está escrevendo cada vez melhor.

    Teve a quem puxar, claro, mas está superando
    o seu mestre...

    A cada dia que passa tenho mais orgulho de V.
    e seus irmãos.

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