Tirando a paixão pelo Fluminense, quando vou a um estádio de futebol é exatamente para viver o que se passou ontem no Maracanã. Mas, confesso, nunca vivi nada tão intenso e especial. Mesmo sem as cores que traduzem tradição em campo.
Foi lindo. Uma aula de fair play, um espetáculo.
Ao ver a escalação, resmungamos que queríamos Inisesta, Xavi, Pique, Fabregas, Cassillas. Só depois entendi que não era desmerecer o Taiti. Se foi 10 a 0 com os reservas, a conta seria outra com os craques campeões do mundo. O técnico Vicente del Bosque sabia disso.
Depois do 1 a 0 relâmpago, 30 minutos mornos com o time reserva da Espanha se esmerando em perder gols e atacando com apenas três jogadores. "Desleixo", pensei. Depois entendi que não era. Era respeito ao adversário. Pra que massacrar e estragar a festa? Eles não botaram o Taiti na roda, não fizeram firula. Jogavam sem pressão, mas sem fanfarronice. Mostraram sua grandeza com respeito a todos: o público e, sobretudo, o adversário.
Assim como eu e Pedro, os 70 mil que lotaram o Maracanã queriam ver a Fúria em plena forma. Estavam - homens, mulheres, crianças, jovens, idosos - vestidos de camisa vermelha ou com o blau-grana do Barcelona. Mas os gritos mostravam uma maravilhosa esquizofrenia: "Ih, vou pro Taiti", "Vamos virar, Tatiti!". Xingaram o juiz que não marcou pênalti (que não foi), que marcou impedimento (claríssimo). Vibraram com os poucos lances de (quase) perigo do ataque polinésio.
Os espanhóis fizeram 1, 2, 3... 10. Mas não comemoravam. Voltavam, sem pressa e quase constrangidos, para o meio de campo. Perderam pênalti. A torcida adorou. Talvez a Espanha tenha sido a única equipe da história a dar uma goleada de 10 a 0 e, ainda assim, ouvir a arquibancada cantar olé para... o adversário!
A posse e bola do Taiti foi 38%. Muito? Suficiente. A Espanha não precisou humilhar ninguém para se impor. Viver e deixar viver.
Ao final, cumprimentos sinceros entre os times de Espanha e Taiti, que provaram que é muito mais do que um título que constroi verdadeiros campeões. A imagem que fica é o goleiro Roche, mais vazado da história recente do Maracanã, sozinho ajoelhado no meio do campo reverenciando a torcida.
Ainda houve um lindo momento de patriotismo em que, enfim, o "sou brasileiro com muito orgulho com muito amor" encontrou um contexto. Logo depois de "o povo unido jamais será vencido" e de um coro emocionante do Hino Nacional.
Não faltou nada nesse dia mágico de Maracanã.
Foi lindo. Uma aula de fair play, um espetáculo.
Ao ver a escalação, resmungamos que queríamos Inisesta, Xavi, Pique, Fabregas, Cassillas. Só depois entendi que não era desmerecer o Taiti. Se foi 10 a 0 com os reservas, a conta seria outra com os craques campeões do mundo. O técnico Vicente del Bosque sabia disso.
Depois do 1 a 0 relâmpago, 30 minutos mornos com o time reserva da Espanha se esmerando em perder gols e atacando com apenas três jogadores. "Desleixo", pensei. Depois entendi que não era. Era respeito ao adversário. Pra que massacrar e estragar a festa? Eles não botaram o Taiti na roda, não fizeram firula. Jogavam sem pressão, mas sem fanfarronice. Mostraram sua grandeza com respeito a todos: o público e, sobretudo, o adversário.
Assim como eu e Pedro, os 70 mil que lotaram o Maracanã queriam ver a Fúria em plena forma. Estavam - homens, mulheres, crianças, jovens, idosos - vestidos de camisa vermelha ou com o blau-grana do Barcelona. Mas os gritos mostravam uma maravilhosa esquizofrenia: "Ih, vou pro Taiti", "Vamos virar, Tatiti!". Xingaram o juiz que não marcou pênalti (que não foi), que marcou impedimento (claríssimo). Vibraram com os poucos lances de (quase) perigo do ataque polinésio.
Os espanhóis fizeram 1, 2, 3... 10. Mas não comemoravam. Voltavam, sem pressa e quase constrangidos, para o meio de campo. Perderam pênalti. A torcida adorou. Talvez a Espanha tenha sido a única equipe da história a dar uma goleada de 10 a 0 e, ainda assim, ouvir a arquibancada cantar olé para... o adversário!
A posse e bola do Taiti foi 38%. Muito? Suficiente. A Espanha não precisou humilhar ninguém para se impor. Viver e deixar viver.
Ao final, cumprimentos sinceros entre os times de Espanha e Taiti, que provaram que é muito mais do que um título que constroi verdadeiros campeões. A imagem que fica é o goleiro Roche, mais vazado da história recente do Maracanã, sozinho ajoelhado no meio do campo reverenciando a torcida.
Ainda houve um lindo momento de patriotismo em que, enfim, o "sou brasileiro com muito orgulho com muito amor" encontrou um contexto. Logo depois de "o povo unido jamais será vencido" e de um coro emocionante do Hino Nacional.
Não faltou nada nesse dia mágico de Maracanã.
Roche, goleiro do Taiti, faz coração para a torcida. (foto: Hoje em Dia) |
- Muiito bom. Crônica-Reportagem é isso. Escrevi o mesmo, de cabeça, enquanto via o jogo pela TV. Beijo.
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