Ando apaixonada.
Não sei se pela genial simplicidade da Roberta ou pela simples genialidade do Felipe.
Tá certo. É mais ou menos como comparar Garrincha e Nilton Santos, Beatles e Beethoven, Magic Jhonson e Steven Redgrave. Cada um em sua área, cada qual com seu talento sobrenatural. Craques. E basta.
Jantar no Felipe Bronze ou na Roberta Sudbrack é um prazer sem igual para todos os sentidos. Uma aventura para a memória, para os cheiros, cores, ingredientes. As cozinhas separadas por vidro do salão permitem acompanhar de perto o sincronizado balé dos "bruxos" e suas eficientes equipes.
Ela brinca com chuchu, barbas de milho e um porquinho ao leite que justifica a existência na Terra. E dá umas "twittadas" entre uma coisa e outra. Ele transforma sólido em pó, líquido em crocância, farelo em calda. Ela mistura ovo caipira e quinoa; ele junta foie gras, granola e maracujá.
Ir à casinha vermelha na esquina da Saturnino de Brito é um aconchego só: o portão está trancado não por questão de segurança, mas "pq a chef quer que vc realmente se sinta entrando na casa dela". Balcão, mesas compartilhadas sem toalha nem frescuras, lâminas quase transparentes de um salaminho da terra natal da anfitriã, tubérculos descobertos por uma amiga de Roberta... Ah, e o pão quentinho! A cada ano, Roberta escolhe o ingrediente da temporada - o tema da coleção, como ela chama. Já foi chuchu, banana e agora é milho. Tão simples, tão complexo.
O elegantíssimo endereço na Frei Leandro, pé direito alto, hostess esbelta e decoração moderninha é o laboratório do alquimista Felipe Bronze. Sob luz violeta, o chef comanda um exército de cozinheiros, ao mesmo tempo discípulos e cúmplices do expoente da tal cozinha molecular por aqui.
No quesito estacionamento, Roberta ganha pontos: não cobra taxa de manobrista, algo raro e simpaticíssimo. No que diz respeito a vinhos, Felipe dá de goleada: uma carta maravilhosa, excelente custo-benefício e a assinatura da sommeliere Cecilia Aldaz. Nas quatro vezes que estive no RS, falei com Roberta apenas uma. Nas duas que fui ao Oro, Felipe foi agradabilíssimo ao passar na nossa mesa.
Mas voltando ao caldeirão mágico... digo, a cozinha.
Estava há tempos para escrever sobre o almoço da Roberta. Sempre às sextas por R$ 89 três pratos. Duas opções de principal a escolher. Uma delas sempre, sempre mesmo, o P.I.C.A.D.I.N.H.O que encantou o ex-presidente Fernando Henrique nos tempos em que Sudbrack dava expediente no Alvorada.
Noutro dia estive lá com minha Mami para provar o executivo de que tanto ouvia falar. Uma grande pedida: além da entrada, prato principal e da sobremesa, Roberta entrega o serviço completo - surpresinha da chef, salaminhos de pré entrada, sobret para limpar os palatos e colherzinhas de brigadeiro para acompanhar o café. Ou vcs acham que ela faria por menos?
Voltei ao RS com Pedro essa semana para a Terça Básica. Bem, o objetivo era pedir a Terça Básica (a versão noturna do executivo do almoço, digamos assim). Mas quando cheguei lá... tudo o que consegui enxergar no cardápio foi "porquinho ao leite com batatinhas crustilantes". Fiquei em transe. Não sei se vcs têm noção do que significa esse porquinho de leite. É a carne mais tenra e deliciosa que alguém pode preparar. Não vou nem falar das batatinhas pq aí é covardia (sabe assim, molinha por dentro, crocante à perfeição por fora? então...). Obras de arte. E olha que nem era dia do canelone de maçã com farinha de pistache...
Também arrumei outro pretexto para aparecer no Oro algumas semanas atrás. Era a comemoração pelo mestrado de uma amiga de infância, a Janu. Ainda estava com minha primeira visita na cabeça, aquela em celebração pelo mestrado do Pedro. (hehehe, sempre o mesmo álibi...). Fomos recepcionados por um rolinho de moqueca com molho de côco e cury, cones de manga com pérola de maçã e tartare de atum e bolinho de queijo coalho com tapioca e molho de rapadura. As entradas já estavam bem mais atraentes e saborosas do que a experiência anterior. "Como pode?", pensei. "O que já era maravilhoso ficou ainda melhor!". O foie gras dessa vez veio com chocolate e frutas (!!!). E o campeão da noite foi um surreal lagostim com pistache e cabelo de pupunha (deu de mil no lagostim com beterraba da outra vez). No mais, dei sorte: Felipe repetiu a caprese derretida, o tartare com fumaça de churrasco e a "carne seca desfiada" - meus favoritos da outra noite. A Cecília ainda nos ofereceu um vinho grego de sobremesa que ajudou a quebrar outro tabu do meu paladar: a de que vinho doce é ruim. Que coisa, Cecília!
Deu no que? Passei o fim do jantar no RS convencendo ao casal na nossa frente, que tb implicava com o jeitão de Felipe Bronze, a dar uma segunda (e definitiva, diria eu) chance a ele. E acho que colou, viu!
Comer: Roberta Sudbrack (www.robertasudbrack.com.br) e Felipe Bronze (www.ororestaurante.com).
Não sei se pela genial simplicidade da Roberta ou pela simples genialidade do Felipe.
Tá certo. É mais ou menos como comparar Garrincha e Nilton Santos, Beatles e Beethoven, Magic Jhonson e Steven Redgrave. Cada um em sua área, cada qual com seu talento sobrenatural. Craques. E basta.
Jantar no Felipe Bronze ou na Roberta Sudbrack é um prazer sem igual para todos os sentidos. Uma aventura para a memória, para os cheiros, cores, ingredientes. As cozinhas separadas por vidro do salão permitem acompanhar de perto o sincronizado balé dos "bruxos" e suas eficientes equipes.
Ela brinca com chuchu, barbas de milho e um porquinho ao leite que justifica a existência na Terra. E dá umas "twittadas" entre uma coisa e outra. Ele transforma sólido em pó, líquido em crocância, farelo em calda. Ela mistura ovo caipira e quinoa; ele junta foie gras, granola e maracujá.
Ir à casinha vermelha na esquina da Saturnino de Brito é um aconchego só: o portão está trancado não por questão de segurança, mas "pq a chef quer que vc realmente se sinta entrando na casa dela". Balcão, mesas compartilhadas sem toalha nem frescuras, lâminas quase transparentes de um salaminho da terra natal da anfitriã, tubérculos descobertos por uma amiga de Roberta... Ah, e o pão quentinho! A cada ano, Roberta escolhe o ingrediente da temporada - o tema da coleção, como ela chama. Já foi chuchu, banana e agora é milho. Tão simples, tão complexo.
O elegantíssimo endereço na Frei Leandro, pé direito alto, hostess esbelta e decoração moderninha é o laboratório do alquimista Felipe Bronze. Sob luz violeta, o chef comanda um exército de cozinheiros, ao mesmo tempo discípulos e cúmplices do expoente da tal cozinha molecular por aqui.
No quesito estacionamento, Roberta ganha pontos: não cobra taxa de manobrista, algo raro e simpaticíssimo. No que diz respeito a vinhos, Felipe dá de goleada: uma carta maravilhosa, excelente custo-benefício e a assinatura da sommeliere Cecilia Aldaz. Nas quatro vezes que estive no RS, falei com Roberta apenas uma. Nas duas que fui ao Oro, Felipe foi agradabilíssimo ao passar na nossa mesa.
Mas voltando ao caldeirão mágico... digo, a cozinha.
Estava há tempos para escrever sobre o almoço da Roberta. Sempre às sextas por R$ 89 três pratos. Duas opções de principal a escolher. Uma delas sempre, sempre mesmo, o P.I.C.A.D.I.N.H.O que encantou o ex-presidente Fernando Henrique nos tempos em que Sudbrack dava expediente no Alvorada.
Noutro dia estive lá com minha Mami para provar o executivo de que tanto ouvia falar. Uma grande pedida: além da entrada, prato principal e da sobremesa, Roberta entrega o serviço completo - surpresinha da chef, salaminhos de pré entrada, sobret para limpar os palatos e colherzinhas de brigadeiro para acompanhar o café. Ou vcs acham que ela faria por menos?
Voltei ao RS com Pedro essa semana para a Terça Básica. Bem, o objetivo era pedir a Terça Básica (a versão noturna do executivo do almoço, digamos assim). Mas quando cheguei lá... tudo o que consegui enxergar no cardápio foi "porquinho ao leite com batatinhas crustilantes". Fiquei em transe. Não sei se vcs têm noção do que significa esse porquinho de leite. É a carne mais tenra e deliciosa que alguém pode preparar. Não vou nem falar das batatinhas pq aí é covardia (sabe assim, molinha por dentro, crocante à perfeição por fora? então...). Obras de arte. E olha que nem era dia do canelone de maçã com farinha de pistache...
Também arrumei outro pretexto para aparecer no Oro algumas semanas atrás. Era a comemoração pelo mestrado de uma amiga de infância, a Janu. Ainda estava com minha primeira visita na cabeça, aquela em celebração pelo mestrado do Pedro. (hehehe, sempre o mesmo álibi...). Fomos recepcionados por um rolinho de moqueca com molho de côco e cury, cones de manga com pérola de maçã e tartare de atum e bolinho de queijo coalho com tapioca e molho de rapadura. As entradas já estavam bem mais atraentes e saborosas do que a experiência anterior. "Como pode?", pensei. "O que já era maravilhoso ficou ainda melhor!". O foie gras dessa vez veio com chocolate e frutas (!!!). E o campeão da noite foi um surreal lagostim com pistache e cabelo de pupunha (deu de mil no lagostim com beterraba da outra vez). No mais, dei sorte: Felipe repetiu a caprese derretida, o tartare com fumaça de churrasco e a "carne seca desfiada" - meus favoritos da outra noite. A Cecília ainda nos ofereceu um vinho grego de sobremesa que ajudou a quebrar outro tabu do meu paladar: a de que vinho doce é ruim. Que coisa, Cecília!
Deu no que? Passei o fim do jantar no RS convencendo ao casal na nossa frente, que tb implicava com o jeitão de Felipe Bronze, a dar uma segunda (e definitiva, diria eu) chance a ele. E acho que colou, viu!
Comer: Roberta Sudbrack (www.robertasudbrack.com.br) e Felipe Bronze (www.ororestaurante.com).
Manu, você fala tanto do Felipe Bronze, que já é certo que em minha próxima ida ao Rio irei ao Oro hehehe Mal posso esperar por outubro!
ResponderExcluirBeijos!
parabéns.. vc conseguiu traduzir os dois.. da mesma forma q sentimos.. já q vamos lá quase todos os meses..
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